Vagas em cursos de medicina aumentam 89,5% na região de Campinas em dez anos
10/12/2025
(Foto: Reprodução) Crescimento das faculdades privadas impulsiona salto de médicos generalistas na região
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (10) pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revelou que a oferta de vagas de graduação em medicina cresceu 89,5% nos últimos dez anos na região de Campinas.
Em 2015, havia 13,87 vagas por 100 mil habitantes. Já em 2025, a oferta subiu para 22,63 vagas por 100 mil habitantes. O número faz do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas a segunda região com maior número absoluto de vagas de graduação no estado, ficando atrás apenas da Grande São Paulo.
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Segundo a publicação "Demografia Médica do Estado de SP 2026" (saiba mais sobre o estudo abaixo), na região de Campinas:
Foram ofertadas 1.093 vagas de graduação em medicina em 2025;
As vagas estão distribuídas em 10 escolas médicas (4 delas na cidade de Campinas);
A grande maioria das vagas é privada: são 983 vagas em escolas privadas (89,9%) e 110 vagas em escola pública (10,1%).
Estado de SP. Os cursos de medicina estão presentes em 56 dos 645 municípios paulistas. Em todo o estado de São Paulo, o número de escolas passou de 47 para 87, em dez anos. Um outro ponto levantado pela pesquisa é o tempo de existência dos cursos:
26 escolas (29,9%) tinham mais de 21 anos;
17 escolas (19,5%) tinham entre 11 e 20 anos;
a maioria, 44 escolas (50,6%), tinha 10 anos ou menos de funcionamento.
Médicos realizam cirurgia
Freepik
Especialistas x generalistas
A publicação mostra que os médicos generalistas vêm crescendo em todo o estado ao longo os últimos anos, mas os especialistas seguem sendo maioria.
🔎O termo “generalista” designa o médico sem título de especialista, com formação geral em medicina, uma vez concluída a graduação.
🧑⚕️Na DRS de Campinas existem 19.005 médicos. Deles, 7.175 (37,8%) são generalistas e 11.830 (62,2%) são especialistas, com destaque para clínica médica e pediatria.
A região de Campinas fica na segunda posição em números absolutos de especialistas, atrás apenas da Grande São Paulo (63.630). Juntas, as duas abrigam 67,2% do total de especialistas de todo o estado.
⚠️Ponto de atenção. Apesar de o número de especialistas aumentar ano a ano (de 71.703 a 117.725 em dez anos), a publicação chama a atenção também para o crescimento do número de generalistas em todo o estado, que foi de 46.292 em 2015 para 79.540 médicos generalistas em 2025.
Uma das explicações, segundo a Associação Paulista de Medicina é a "abertura indiscriminada de escolas de medicina pelo país, uma vez que não há vagas de Residência Médica para todos". A associação manifestou preocupação com a situação.
Residência médica
Dos 645 municípios de São Paulo, apenas 57 municípios paulistas sediam programas de Residência Médica (RM).
Em 2025, a DRS da Grande São Paulo abrigava 53% dos médicos residentes, seguida pelos departamentos de Campinas (12,1%), de São José do Rio Preto e de Ribeirão Preto, os dois últimos com 6,7% dos residentes do estado cada um.
Veja no gráfico abaixo a distribuição de médicos residentes no estado de São Paulo, segundo municípios.
Confira abaixo a razão de residentes por 100 mil habitantes, segundo a especialidade, na DRS de Campinas, em 2025:
Clínica médica: 5,26
Pediatria: 16,79
Cirurgia geral: 3,93
Ginecologia e obstetrícia: 5,04
Anestesiologia: 2,57
Ortopedia e traumatologia: 2,76
Psiquiatria: 1,42
Radiologia e diagnóstico por imagem: 1,36
Cardiologia: 0,61
Medicina de família e comunidade: 2,34
Oftalmologia: 1,42
Medicina intensiva: 0,92
Densidade e desigualdade
A oferta de médicos cresce em ritmo acelerado. O número aumentou de 118 mil para 197 mil entre 2015 e 2025 em todo o estado e a projeção para 2035 é de que existam 340 mil médicos em atividade.
Mas o estudo aponta o crescimento no número de médicos é desigual entre os 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS), nos quais estão distribuídos os 645 municípios paulistas.
O estudo mostra que a capital concentra 37,7% dos médicos do estado, embora reúna apenas 25,8% da população. Em média, o estado possui 4,28 médicos a cada mil habitantes.
➡️A recomendação da OMS é de pelo menos um médico para cada 1.000 habitantes e nenhuma DRS ficou abaixo da recomendação.
A DRS de Campinas apresentou entre 3 e 4 médicos por mil habitantes, ficando próxima à média estadual. A DRS de Ribeirão Preto foi a que teve maior número: 5,07 por mil habitantes; e Registro foi a que apresentou menor número: 2,13 médicos por mil habitantes.
Já a cidade de Campinas possui um índice maior. São 8.019 médicos para 1.187.974 habitantes, uma razão de 6,75 por mil habitantes, ficando atrás apenas de Santos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Razão de médicos especialistas no estado de São Paulo, por 100.000 habitantes, segundo Departamentos Regionais de Saúde (DRS), em 2025
Demográfica Médica do Estado de SP 2026
Sobre o estudo
A publicação intitulada "Demografia Médica do Estado de SP 2026" foi feita com apoio do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem como objetivo contribuir para o avanço da produção científica e a implementação de políticas públicas de saúde no estado.
A pesquisa traz um recorte estadual sobre:
quantidade de médicos em atividade;
de que forma os profissionais estão distribuídos entre as regiões, municípios, DRSs e serviços do Sistema Únido de Saúde (SUS) e do setor privado;
quantos são especialistas e quantos são generalistas;
o que mudou na graduação de medicina e na Residência Médica em São Paulo.
Mais mulheres e jovens. O estudo também traz a evolução em série histórica, fazendo uma comparação dos dados atuais com os de 2015, que mostram como o número de profissionais mulheres e jovens aumentou ao longo dos últimos dez anos. Tendência essa que deve continuar, segundo as projeções divulgadas na publicação.
De acordo com o levantamento, 42,7% dos profissionais eram mulheres. Em 2025, elas se tornaram maioria, correspondendo a 52,2%. A projeção é de que o número aumente ainda mais e elas representem 66,6% dos médicos em 2035. Além disso, 35% dos médicos tinham 35 anos ou menos em 2025.
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