Nova espécie de bromélia é identificada no Rio de Janeiro

  • 17/12/2025
(Foto: Reprodução)
Nova espécie de bromélia é identificada no Rio de Janeiro Bruno Rezende Coletada na Bahia durante uma expedição do Plano de Ação Nacional para Conservação de Árvores Ameaçadas de Extinção do Sul da Bahia (PAN Hileia Baiana), vinculada ao Projeto GEF Pró-Espécies: Todos contra a Extinção, a Wittmackia aurantiolilacina é a nova espécie de bromélia descoberta e descrita por pesquisadores no Rio de Janeiro. A planta foi introduzida no Jardim Botânico do Rio de Janeiro em agosto de 2023 e só foi diferenciada de outra do mesmo gênero quando suas inflorescências surgiram, em julho de 2024. A partir disso, foi realizado um estudo detalhado sobre a espécie, publicado em novembro de 2025 na revista científica Phytotaxa, especializada em descobertas botânicas. Os pesquisadores perceberam que a nova espécie se assemelhava muito à Wittmackia bicolor, mas apresentava diferenças claras na coloração das inflorescências. Enquanto a espécie recém-descrita possui tons de laranja e lilás, a W. bicolor é caracterizada predominantemente pelas cores amarela e branca. Não havia suspeita de que fosse uma nova espécie quando a amostra foi coletada. A planta foi coletada estéril, ou seja, sem flores ou frutos, e não chamava a atenção, parecendo uma bromélia verde comum, podendo inclusive ser confundida com espécies de outros gêneros “O curador da coleção foi o primeiro a acompanhar a floração, e o que chamou a atenção foi justamente a combinação inusitada de cores”, completa. Além disso, em 30 anos de estudos sobre bromélias, o pesquisador relata que nunca havia se deparado com algo semelhante. A introdução da planta no Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora/JBRJ), do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, teve como objetivo o cultivo e a reprodução da espécie, considerando que ela foi coletada em uma área de Mata Atlântica. Planta foi introduzida no Jardim Botânico do Rio de Janeiro em agosto de 2023 e só foi diferenciada de outra do mesmo gênero quando suas inflorescências surgiram, em julho de 2024 Bruno Rezende Desde já, a Wittmackia aurantiolilacina é considerada uma espécie em risco de extinção. Isso se deve ao fato de, embora tenha sido coletada dentro de uma unidade de conservação – o Parque Nacional do Alto Cariri –, a região sofrer intensa pressão antrópica. Essa pressão ocorre principalmente por meio de queimadas e desmatamento para a implantação e manejo de lavouras, sobretudo de café e cacau, segundo Rezende. “São unidades de conservação muito extensas, com áreas gigantescas, e a fiscalização é bastante difícil. Apesar de todos os esforços dos funcionários do ICMBio e do IBAMA, é uma tarefa complicada”, completa o pesquisador. Dessa forma, o cultivo da espécie no bromeliário torna-se essencial para sua conservação, já que não há possibilidade de ocorrência fora da Mata Atlântica. “A espécie evoluiu ao longo de milhões de anos em ambientes de floresta pluvial tropical, um subtipo da Mata Atlântica, e depende de alta pluviosidade, umidade e da sombra das árvores, ocorrendo como epífita, planta que vive sobre outra planta , pontua. Além disso, existe o risco de a espécie entrar em extinção antes mesmo de ser amplamente conhecida. Com a constante desestabilização do bioma, seja pela ação humana ou pelas mudanças climáticas, o desaparecimento da planta pode caminhar junto com a perda de seu habitat. A descoberta evidencia a riqueza da biodiversidade brasileira, que segue revelando novas espécies, e contribui de forma significativa para o avanço científico, impulsionando pesquisas e o aprimoramento de metodologias de estudo. A Wittmackia aurantiolilacina já é considerada uma espécie em risco de extinção Bruno Rezende O pesquisador também ressalta a importância da conservação e da retomada de uma relação mais equilibrada entre os seres humanos e a natureza. Segundo ele, descobertas como essa permitem repensar práticas atuais diante da fragilidade de muitos organismos em seus ambientes naturais. “O ser humano precisa de novas descobertas e de interagir de forma mais saudável com a natureza, frequentemente vivendo isolado em ‘caixas de concreto’. A beleza da espécie, com sua combinação de cores raras no reino vegetal, chama a atenção para a necessidade de reconexão e questiona o direito de existência desse ser biológico, ameaçado pelo padrão de vida e pelo comportamento predatório humano. É um convite a reconstruir essa relação por meio da beleza da planta, especialmente porque ela ‘já nasce ameaçada’.” Bromélias e o equilíbrio ecológico As bromélias são consideradas “magnificadoras de biodiversidade”. A maioria das espécies – cerca de 60% a 70% – acumula grandes quantidades de água de forma permanente entre as folhas, o que resulta na formação de um ecossistema em miniatura. Esse ambiente abriga milhares de espécies associadas, como algas, protozoários, larvas de insetos, microcrustáceos, vermes e rotíferos. Segundo o cientista, sem a presença das bromélias, a biodiversidade nesses ambientes seria praticamente inexistente. Em locais extremos, como costões rochosos ou as copas das árvores, onde há alta insolação, vento e calor, a presença constante de água garante a manutenção dessa comunidade ecológica diversa. Além disso, a água acumulada e os organismos associados servem de alimento para animais maiores, como aves e mamíferos, desempenhando um papel fundamental no equilíbrio ecológico dos ecossistemas onde as bromélias estão presentes. Dessa forma, essas plantas se mostram essenciais para a conservação da biodiversidade. *Texto sob supervisão de Fernanda Machado. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/12/17/nova-especie-de-bromelia-e-identificada-no-rio-de-janeiro.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes