Mulher agredida após show punk em SP morreu de infarto 'por provável uso de cocaína', diz laudo
12/09/2025
(Foto: Reprodução) Segundo parentes de Helen Vitai, ela foi agredida pela mulher ruiva que aparece na sequência do vídeo acima
Reprodução/Redes sociais
A mulher que foi agredida por pessoas após um show com bandas punk, no mês passado, em São Paulo, morreu, naquela ocasião, de ataque cardíaco provavelmente por uso de droga. É o que aponta o laudo pericial da Polícia Técnico-Científica, ao qual o g1 teve acesso nesta quinta-feira (11).
De acordo com o documento do Instituto Médico Legal (IML), Helen Cristina Vitai teve "infarto agudo do miocárdio por provável uso de cocaína" em 3 de agosto. O exame não relaciona, no entanto, as agressões que ela sofreu à sua morte, apesar de descrever que foram encontradas lesões pelo corpo.
"A isquemia do miocárdio pode ser decorrente da ingesta da cocaína que leva a alterações cardiovasculares e óbito, como no caso em análise", descreve o médico-legista que assina o laudo na sua conclusão.
Laudo mostra que Helen Vitai morreu de ataque cardíaco provavelmente causado por uso de droga
Reprodução
O documento aponta ainda que Helen estava embriagada pelo consumo de bebida alcoólica, mas que isso não agravou sua morte. Ela tinha 43 anos.
O laudo foi anexado ao inquérito da Polícia Civil. Até antes da conclusão do exame, a morte de Helen estava sendo investigada como homicídio. Mas com o resultado, o entendimento das autoridades poderá ser de que ela teve uma morte acidental. Nesse caso, o inquérito seria arquivado.
Outra possibilidade é a de que seja apurado somente os crimes de lesão corporal contra Helen.
Câmeras de segurança mostram Graciella Verenich, de 44 anos, e Katyuscha de Santana Fon, a "Katy Son", 48, agredindo Helen na calçada da Rua Guaicurus, do lado de fora do Centro Cultural Tendal da Lapa, na Zona Oeste, onde ocorreu o evento gratuito "200 anos de Punk". As imagens viralizaram nas redes sociais (veja vídeo abaixo).
Polícia investiga morte de mulher de 43 anos, na Lapa, em SP, após briga na saída de festa
André Santos Costa Amorim, o "Mones", de 42, namorado de Graciella, aparece nas imagens impedindo que outras pessoas separem a briga entre ela e Helen. Segundo a polícia, Graciella deu pelo menos 29 socos em Helen e a esganou por quase 7 minutos.
Katyuscha surge nas cenas depois que Helen está caída no chão e chuta a sua cabeça. De acordo com a investigação, Helen foi agredida pelo grupo porque havia criticado Katyuscha no Facebook, duas semanas antes. Ela tinha escrito uma crítica a foto de uma jaqueta de couro preta postada pela agressora.
Após as agressões, André, Graciella e Katyuscha foram embora. Helen sentiu dores pelo corpo e passou mal, segundo testemunhas. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi chamada e tentou fazer massagens cardíacas nela no local, mas a mulher não resistiu.
O hospital que recebeu Helen informou que ela tinha tido um mal súbito após bater a cabeça no chão.
Polícia Civil cita homicídio
Casal André Amorim e Graciella Verenich (à esquerda) são suspeitos de matar Helen Vitai (à direita)
Reprodução/Arquivo pessoal
O 7º Distrito Policial (DP), na Lapa, analisou as imagens e entendeu que Helen foi morta em decorrência das agressões que sofreu. Por isso pediu as prisões temporárias de Graciella, André e Katyuscha, que foram decretadas em 13 de agosto pela Justiça.
O casal foi preso pela polícia na segunda-feira (9) em Campinas, no interior do estado. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) não informou se o casal foi transferido para a delegacia na capital.
Katyuscha continuava foragida até a última atualização desta reportagem. Quem tiver informações sobre o seu paradeiro pode telefonar para o número 181 do Disque Denúncia. Não é preciso se identificar.
O que dizem os citados
Segundo a família de Helen Vitai, essa é sequência da conversa pelo Facebook entre a suspeita e a vítima antes do crime. Parentes acham que essa divergência por causa de uma roupa motivou as agressões
Reprodução/Facebook
De acordo com a pasta da Segurança, "as investigações estão em andamento e demais detalhes são preservados neste momento para garantir a efetividade do trabalho policial".
Também por meio de um comunicado, o advogado Daniel Lellis Siqueira, que defende os interesses dos parentes de Helen, informou que "a família está estarrecida com este laudo necroscópico".
E que irá pedir à Justiça "um contra laudo, pois pouco foi descrito a respeito da asfixia já comprovada no vídeo, bem como a quantidade de hematomas que com certeza culminaram, resultado das agressões comprovadas, na morte de Helen”.
Helen trabalhava como operadora de telemarketing. Ela deixou uma filha, fruto de um relacionamento anterior. Seu atual namorado e a adolescente não estavam no local no momento do crime.
Questionado sobre o resultado do exame, a defesa de Graciella e André informou que "diante do resultado do laudo fica claro que a morte não se deu em decorrência da briga, mas devido ao abuso de drogas. Isso significa que não se trata de um homicídio, mas de uma morte acidental causada pela própria Helen."
Os advogados André Lozano e Carol Barranquera também informaram que pediram à Justiça a revogação da prisão do casal "uma vez que a causa da morte indicada no laudo deixa claro que não se trata de um homicídio."
Por meio de nota, a defesa de Katiuscha, feita pela advogada Katarine Liones, informou que "o laudo pericial já foi devidamente juntado ao inquérito policial, tendo apontado a causa da morte."
Para a família de Helen Vitai, essa discussão no Facebook motivou a agressão
Reprodução/Facebook