A força da regeneração: o Pantanal e o Cerrado na rota da Biotravessia
10/12/2025
(Foto: Reprodução) Aquidauana foi a porta de entrada da Biotravessia para um dos maiores santuários de vida selvagem do planeta: o Pantanal
Crédito: Divulgação
A Biotravessia, expedição realizada por meio de uma parceria entre o Terra da Gente e a empresa BluestOne, sai de Minas Gerais e corta o coração do Brasil até alcançar o Pantanal Sul-Mato-Grossense, em Aquidauana (MS). A cidade é a porta de entrada para um dos maiores santuários de vida selvagem do planeta — território de pescadores, turistas e espécies únicas. Entre rios sinuosos e campos alagáveis, o bioma se revela como cenário de beleza e resistência.
Mas a passagem pelo Pantanal é também um lembrete de sua vastidão. O bioma ocupa cerca de 150 mil quilômetros quadrados e se divide entre dois estados: aproximadamente 65% do território está em Mato Grosso do Sul, abrangendo municípios como Corumbá, Miranda, Porto Murtinho, Rio Verde de Mato Grosso e Coxim; os outros 35% se estendem por Mato Grosso, com destaque para Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço e Santo Antônio de Leverger. O Pantanal ainda alcança pequenas porções da Bolívia e do Paraguai, mostrando sua dimensão continental.
Um safári brasileiro
Depois de horas de viagem, a equipe chega ao Pantanal Norte, onde a famosa Transpantaneira se abre como uma estrada-parque que liga Poconé a Porto Jofre. Desde a sua construção, na década de 1970, a via transformou-se em um dos melhores pontos do Brasil para a observação de fauna.
Pelos 147 quilômetros de estrada de terra, a vida selvagem se apresenta a céu aberto. Tuiuiús, símbolos do Pantanal, mantêm seus ninhos no alto das árvores; jacarés se aquecem nas margens das lagoas; e as onças-pintadas, que antes se escondiam, hoje são estrelas do turismo de observação — em uma das expedições do Terra da Gente, foram avistados 11 felinos em uma única viagem.
Mas, em meio à abundância, o silêncio da natureza também guarda cicatrizes. Os incêndios que atingiram o Pantanal nos últimos anos deixaram marcas profundas. As imagens de animais feridos e da vegetação destruída ainda estão vivas na memória dos pantaneiros. Mesmo assim, o bioma dá lições de resistência: entre cinzas e renascimentos, o Pantanal mostra sua capacidade de regeneração e sua importância para o equilíbrio ambiental do continente.
Pantanal ocupa 150 mil quilômetros quadrados e se divide entre dois estados: Mato Grosso do Sul e Mato Grosso
Crédito: Divulgação
Do Pantanal ao Cerrado
Do Pantanal, a jornada da Biotravessia segue rumo ao norte de Goiás, atravessando paisagens que mesclam Cerrado e áreas de transição. A expedição passa pelo município de Uruaçu, onde a BluestOne está construindo uma unidade para fazer o gerenciamento de resíduos da mineração da região, impactando, positivamente, o meio ambiente. Dali, o destino é Niquelândia, o maior município goiano em extensão territorial e dono de uma das vegetações mais preservadas do bioma.
Entre morros e matas, desponta um cenário de rara beleza: a Lagoa Azul, uma dolina formada há milhares de anos pelo colapso do teto de uma caverna de rocha calcária. Alimentada pelo lençol freático, a lagoa impressiona pela coloração e profundidade — estimada em mais de 200 metros. Cercada por vegetação densa, ela se tornou um dos principais cartões-postais da região e símbolo da força geológica e hídrica do Cerrado.
Diversidade
Além das paisagens naturais, Niquelândia preserva tradições que misturam fé, ancestralidade e resistência. O Festival Povos do Cerrado, apoiado pela BluestOne, celebra a diversidade cultural e ambiental da região, reunindo música, artesanato e manifestações populares. Entre as apresentações, ganha destaque o Congado de Santa Efigênia, grupo que mantém uma tradição iniciada no século XVIII, marcada pela devoção, pelo ritmo e pelo sincretismo.
As vestimentas brancas homenageiam a santa associada à libertação e à difusão do cristianismo. Os participantes usam lenços e faixas adornadas com medalhas e penas de ema — símbolos que remetem à união entre povos indígenas e comunidades quilombolas da região.
Lagoa Azul, em Niquelândia (GO), impressiona pela coloração e profundidade, de cerca de 200 metros
Crédito: Divulgação
Conservação e recomeços
Durante o festival, o Terra da Gente também acompanhou ações de conservação monitoradas pela Associação Floresta Cheia, que atua na reabilitação e soltura de animais silvestres. A reintrodução deles na natureza é feita no Sítio Bagagem, de Manoel Alves Gomes Junior, uma propriedade de 90 hectares, sendo 80 deles cobertos por Cerrado preservado, e por onde mais de 500 animais já foram soltos, entre araras, papagaios, jabutis e guarás.
O trabalho, em parceria com o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Goiás (Cetas), orienta o processo de readaptação dos animais antes da soltura. O objetivo é que cada indivíduo aprenda novamente a buscar alimento, voar e evitar o contato humano.
A equipe acompanhou a libertação de jabutis, em uma atividade educativa com estudantes locais. Antes da soltura, os jovens aprenderam sobre os cuidados necessários e o papel de cada espécie no equilíbrio ambiental. Passo a passo, os animais seguiram em direção à mata — um gesto simples, mas carregado de significado.
Uma travessia que conecta
Do Pantanal ao Cerrado, a Biotravessia revela o que o Brasil tem de mais valioso: a capacidade da natureza de resistir e se reinventar, mesmo diante das pressões humanas. Cada parada do projeto reafirma que preservar é mais do que proteger espécies — é garantir o futuro de comunidades, tradições e ecossistemas inteiros.
Rumo à COP 30, a jornada do Terra da Gente e da BluestOne segue mostrando que ouvir a natureza é o primeiro passo para aprender com ela.
SERVIÇO:
BluestOne Brasil
Endereço: Rodovia Cornélio Pires (SP-127), km 51 – CEP: 13440-970 – Saltinho-SP
E-mail: contato@bluest.one
A força da regeneração: o Pantanal e o Cerrado na rota da Biotravessia - Crédito: Divulgação